quinta-feira, 5 de março de 2009

Metáfora

Terça à tarde. Muito trabalho. Eu sabia que não ia sair da frente do computador tão cedo. Eu costumava adorar dias assim, com muito o que fazer; mesmo tendo um prazo, eu gostava da pressão sobre coisas que eu sabia que conseguiria resolver. Não sei por que a conjugação no passado, eu ainda gosto de me sentir assim.
Eu digitava sem parar aquele dia e o calor era insuportável, então a janela estava escancarada e o ventilador no máximo e mesmo assim eu não conseguia sentir o vento, um ar pesado estava ao meu redor e eu mal conseguia respirar , mas não podia parar o que estava fazendo.
De repente a luz vacilou em um dos pontos da mesa, como se alguém estivesse fazendo sombra no lugar no qual eu estava trabalhando; aconteceu só por um momento, breve, quase imperceptível, mas me assustou e eu olhei para trás e lá estava ela.
Era amarela, estava meio perdida, dançando em volta do ventilador como se estivesse hipnotizada pelo movimento circular, então como num clique, despertou e passou a voar por todo o quarto, querendo fugir, querendo passar pelo mesmo buraco que a levara aquele lugar estranho: a janela escancarada. No entanto, aquele buraco não parecia tão grande assim, não agora que ela estava dentro do quarto estranho sob a vigília daqueles olhos curiosos, encantados, os meus.
Depois de um tempo ela se cansou, pousou na parede colorida e simplesmente desistiu, eu pensei em como ajudar, mas o toque das minhas mãos assustava a frágil borboleta e o meu medo de machucá-la fez com que eu desistisse de ajudar. Quando eu cheguei em casa hoje, ela estava morta.
Quantas pessoas são como essa borboleta? Desistem de si mesmas e fazem com que seja tão difícil ajudá-las que todos acabam deixando para lá. Bom, o que eu decidi é que eu vou fazer mais por essas pessoas do que eu pude fazer pela borboleta.

=*

3 comentários:

Luigi disse...

Muito bonita sua reflexão sob o ocorrido, só não vá ficar muito sentimental nem carregar muito sentimento de culpa por ai... não vá se perder por aí, como diziam os Mutantes...

Bjos

Anônimo disse...

Sei que sempre será tão fácil te ajudar e, espero, te dar facilidade quando for eu o necessitado. Até hoje foi assim. Nosso casulinho será eterno!
Beijo.

Fernando Vidotto disse...

que horror. pq ela tinha que morrer??