sexta-feira, 6 de março de 2009

Carta a D.

Quem dera eu tivesse esse talento, citações do livro Carta a D. de Andre Gorz:

"(...) carrego no fundo do meu peito um vazio devorador que somente o calor do seu corpo contra o meu é capaz de prencher."
"(...) minha relação com você foi a reviravolta decisiva que me permitiu desejar viver."
"Compreendi com você que o prazer não é algo que se tome ou que se dê. Ele é um jeito de dar-se e de pedir ao outro a doação de si. Nós nos doamos inteiramente um ao outro."
"Eu tinha a impressão de construir com você um mundo protegido e protetor."
"(...) seria necessário que o nosso amor fosse também um pacto para a vida inteira."
"(...) o único jeito de nos manter aquecidos era ficar na cama."
"A precisão das lembranças que eu guardo me diz a que ponto eu a amava, a que ponto nós nos amávamos."
" '- Nós seremos o que fizermos juntos.' "
"Bastava que eu consentisse em viver o que eu estava vivendo, em amar mais do que tudo seu olhar, a sua voz, o seu cheiro, seus dedos afilados, o seu jeito de habitar o seu corpo, para que todo o futuro se abrisse para nós."
"Eu estava consciente de precisar de você para encontra o meu caminho; de só poder amar você."
" 'Amar um escritor é amar que ele escreva.' "
"(...) é impossível explicar filosficamente porque amamos e queremos ser amados por determinada pessoa, excluindo todas as outras."
"Acho que eu precisava mais do seu julgamento do que você do meu."
"(...) nossa união como a decisão mais importante das nossas duas vidas."
" 'A você, Kay, que ao me dar Você, deu-me Eu.' "
"Na primeira noite, nós não dormimos. Um escutava a respiração do outro."
"(...) só uma coisa me era realmente essencial: estar com você."
"Você é o essencial sem o qual todo o resto, importante apenas porque você existe, perderá o sentido e a importância."
"Nós desejaríamos não sobreviver um à morte do outro. Dissemo-nos sempre, por impossível que seja, que, se tivéssemos uma segunda vida, iríamos querer passá-la juntos."

quinta-feira, 5 de março de 2009

Metáfora

Terça à tarde. Muito trabalho. Eu sabia que não ia sair da frente do computador tão cedo. Eu costumava adorar dias assim, com muito o que fazer; mesmo tendo um prazo, eu gostava da pressão sobre coisas que eu sabia que conseguiria resolver. Não sei por que a conjugação no passado, eu ainda gosto de me sentir assim.
Eu digitava sem parar aquele dia e o calor era insuportável, então a janela estava escancarada e o ventilador no máximo e mesmo assim eu não conseguia sentir o vento, um ar pesado estava ao meu redor e eu mal conseguia respirar , mas não podia parar o que estava fazendo.
De repente a luz vacilou em um dos pontos da mesa, como se alguém estivesse fazendo sombra no lugar no qual eu estava trabalhando; aconteceu só por um momento, breve, quase imperceptível, mas me assustou e eu olhei para trás e lá estava ela.
Era amarela, estava meio perdida, dançando em volta do ventilador como se estivesse hipnotizada pelo movimento circular, então como num clique, despertou e passou a voar por todo o quarto, querendo fugir, querendo passar pelo mesmo buraco que a levara aquele lugar estranho: a janela escancarada. No entanto, aquele buraco não parecia tão grande assim, não agora que ela estava dentro do quarto estranho sob a vigília daqueles olhos curiosos, encantados, os meus.
Depois de um tempo ela se cansou, pousou na parede colorida e simplesmente desistiu, eu pensei em como ajudar, mas o toque das minhas mãos assustava a frágil borboleta e o meu medo de machucá-la fez com que eu desistisse de ajudar. Quando eu cheguei em casa hoje, ela estava morta.
Quantas pessoas são como essa borboleta? Desistem de si mesmas e fazem com que seja tão difícil ajudá-las que todos acabam deixando para lá. Bom, o que eu decidi é que eu vou fazer mais por essas pessoas do que eu pude fazer pela borboleta.

=*